sábado, 31 de outubro de 2009

E ela havia perdido a vontade de escrever tudo aquilo que havia pensado durante os minutos que antecederam este momento, agora o olhar estava na tela, não a do computador enquanto escrevia como a de pessoas normais, mas na televisão que parecia hipnotizá-la, ela escrevia sem ao menos ver as teclas apenas deduzindo onde estavam sem a mínima consciência disso. Provavelmente seria um efeito colateral da ultima noticia que chegara, ou talvez ela apenas estive-se confusa e insegura, ela sabia que amanha a culpa seria toda dela, outra vez, sendo que o real culpado era ele. E ela teria de assumir a culpa na frente de todos sem o menor motivo para isso, apenas como um fato de acontecia, seria constrangedor, humilhante e assustador, mas ela sabia que esta era a verdade, afinal era a quarta vez que isso acontecia, mas desta vez era diferente ou não ela costumava dizer isso das outras também. Mas a verdade é que ela estava envergonhada, chateada, magoada e confusa, outra vez, mesmo sabendo que ela tentou, ela ouviu os outros pela segunda vez, a questão aqui é que ela fez tudo o que devia ter feito e sabe o pior, absolutamente nada deu certo. E então havia luz, havia um plano brilhante e uma duvida gigante, ela tinha uma escolha a fazer, mesmo sabendo que cada escolha é uma renuncia, então o que ela faria? Simplesmente iria embora orgulhosamente culpada sabendo que errou e ignorando o fato de ter de assumir isso publicamente dizendo apenas que a vida é assim se não aconteceu é porque não tinha que acontecer ou ela iria ignorar o fato de saber que a culpa é dele enquanto finge não conhecer a verdade, e este meio tempo talvez fosse suficiente ate a verdade vir a tona, neste tempo talvez ela escolha lutar por ele, mesmo sem motivo para isso, ela tinha absoluta certeza de que não é porque o queria, ou de fato é, mas não por culpa de algum sentimento ou coisa parecida, apenas por poder, ou para se convencer de que é capaz, por ter errado tantas vezes, na realidade o porque ela queria de fato chegava a ser obvio, ela o queria porque ela não o tinha, ninguém quer algo que tem, e era isso que talvez ele iria pensar sobre ela nos próximos quinze dias, ela poderia escolher dedicá-los a lutar, ou a esquecer, tudo dependia dela, normalmente ela lutaria, mesmo sabendo que é apenas instinto humano, o que a deixa realmente brava com si mesma, por não ter um motivo justo, e ela não poderia contar a ninguém, pela primeira vez na vida ela teria que tomar uma decisão, sozinha e sem opiniões apenas porque ela estava cansada de ouvir os outros.


Nenhum comentário: